Novas mídias ampliam o acesso ao patrimônio cultural
Plataforma web interativa com conteúdo documental e aplicativo de celular com paisagens sonoras georeferenciadas.
Esses são alguns dos dispositivos do Som dos Sinos, projeto que busca mudar a forma com que moradores e visitantes de nove cidades históricas de Minas Gerais se relacionam com o toque dos sinos e o ofício do sineiro, bens culturais registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O repertório dos sinos é uma forma de comunicação secular. Há mais de 40 tipos de toques de sinos e, de acordo com a quantidade e ritmo das badaladas, os moradores ficam sabendo o que acontece na cidade, horários das missas e trabalhos a procissões e anúncios de mortes.
Nos dias atuais, a linguagem dos sinos tem sido substituída pelos meios de comunicação contemporâneos, mas se mantém em diversas cidades do interior, emocionando os moradores e encantando os turistas.
Com objetivo de difundir essa cultura, há quase dois anos, as documentaristas Marcia Mansur e Marina Thomé idealizaram o projeto que usa diferentes plataformas digitais.
Som dos Sinos é um projeto multiplataforma, pioneiro na utilização de novas tecnologias para divulgação do patrimônio imaterial brasileiro. Desde o início de maio, moradores, viajantes, internautas e curiosos de todos os tipos vêm experimentando diferentes produtos, dentro e fora do mundo virtual.
A proposta mais inovadora é o lançamento de um aplicativo para celular que funciona como um áudioguia a céu aberto no qual o usuário pode escutar diversos toques de sinos com GPS de localização para igrejas em nove cidades históricas de Minas Gerais. O aplicativo já está disponível para download gratuito na APP Store e na Google Play.
Outro produto, é o site com recursos de narrativa multimídia. Entre as sessões está Sons, uma onda animada que reúne mais de 100 faixas de áudio com toques de sinos, que podem ser baixados sob licença creative commons, e depoimentos da comunidade. Já a sessãoVideoCartas funciona de maneira interativa, o usuário escolhe uma sequência de vídeos e uma trilha sonora.
As opções serão processadas, junto a uma história que ele mesmo contará em forma de texto. Ao fim, o site gera um vídeo de 30 segundos que pode ser compartilhado pelo internauta. A sessão mais singular da plataforma é a Micro Histórias, onde o internauta poderá definir a sequência da história a cada clique.
O projeto vai além do online e propõe outras formas de experimentar o conteúdo, deslocando o universo das torres para um cinema a céu aberto itinerante. Som dos Sinos já passou por nove cidades mineiras, realizando projeções nas fachadas de igrejas em Tiradentes, São João Del Rei, Congonhas, Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Diamantina, Serro e Sabará. Cada cidade viveu o momento de uma maneira especial.
Além destes produtos, será lançado um documentário de longa-metragem. O filme passeia pelo universo simbólico da fé, do tempo e das cidades onde reverberam o som dos sinos. A ideia é que o filme percorra festivais do gênero e seja exibido em salas de cinema e na televisão.
As idealizadoras do projeto prevêem ainda a realização de novas intervenções. A ideia é passar por outras cidades coloniais brasileiras. Há também a proposta de circular com as projeções itinerantes em Portugal, com o objetivo de estabelecer um diálogo sobre a relação entre os sinos do Brasil e do país europeu.
O projeto tem o patrocínio de Eletrobrás e Furnas, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Lei Rouanet/ Ministério da Cultura.
Com informações do Iphan/MG